22 de dezembro de 2008

#13 - «Do que non se pode falar...»

Sem que sirva de precedente...


19 de dezembro de 2008

#12 - In Memoriam


Nesta ocasião dedicamos este pequeno espaço na rede para homenagear a memória de Aléxandros Grigorópulos (Αλέξανδρος Γρηγορόπουλος), o jovem grego assassinado pola polícia o passado 6 de Dezembro em Atenas.

Desde aqui queremos dedicar esta canção de Míkis Theodorákis a Aléxandros e à sua família, assim como a todas aquelas pessoas que nestes dias saíram à rua para protestarem contra este vil assassinato. Também queremos estender a homenagem à memória todas aquelas pessoas que ao longo da história foram mortos pola polícia sob a única acusação de defenderem os ideais da liberdade e da justiça social.







SOTIRIS PETROULAS

Lambrakis convocou-te,
a liberdade chamou-te,
os gritos animando são testemunhas:
os seus olhos azuis brilhando de felicidade.

Leão e noite,
montanha e céu claro,
os gritos animando são testemunhas:
os seus olhos azuis brilhando de felicidade.

Sotiris Petroulias,
conduze o nosso povo,
conduze-nos adiante,
os gritos animando são testemunhas:
os seus olhos azuis brilhando de felicidade.


(Sobre a canção: Míkis Theodorákis (Μίκης Θεοδωράκης) compuxo esta canção em Julho de 1965 logo do assassinato por parte da polícia do jovem Sotiris Petroulas, membro das Juventudes Lambrákis. Este movemento juvenil fora fundado polo próprio Theodorákis em 1963 após a morte do seu amigo e líder político Gregóris Lambrákis (Γρηγόρης Λαμπράκης) quem fora abatido por membros da extrema direita com a cumplicidade da polícia. Sobre estes feitos Theodorákis escrevera: « C’est une loi que le sang des victimes noie leurs assassins. La maffia, derrière ce syndicat du crime, qui boit le sang de notre peuple, a commis une funeste erreur. En désignant Lambrakis comme victime elle a elle-même choisi son juge et son vengeur. Un seul Lambrakis est plus que suffisant pour les envoyer tous dans la tombe. En perdant Lambrakis, des milliers de Lambrakidès ont été gagnés, des milliers de soleils qui le réchaufferont et éclaireront sa mémoire. »)

7 de dezembro de 2008

#11 - The Watts Prophets - What Is A Man








FREEDOM FLAME

I looked at the moon so full and so bright
and then at the fireplace with its flickering light
and realized why this world will never be right,
then I...
THREW ANOTHER LOG IN THE FIRE

Inside these four walls I am a King.
But beyond that door, it doesn't mean a thing.
I pay all my dues. Still, I have only a partial membership
in world happenings. And my blood runs freely in Viet Nam
So I...
THREW ANOTHER LOG IN THE FIRE

Why do you insist on keeping us caged?
You know all that does is intensify rage.
The word now is «SEIZE THE TIME» and
«ALL POWER TO THE PEOPLE»
Then I...
THREW ANOTHER LOG IN THE FIRE

Putting us in a cage was a mistake.
All that did was intensify hate.
And now shackled to our cages you expect us to wait
while you fool around on the Moon?
And from there look for another place to conquer.
While I...
THREW ANOTHER LOG IN THE FIRE

America you argue is just doing fine.
These racial things..however..do take time.
Well I'm tired of waiting and not getting mine,
Except..however..In Viet Nam.
Where every dead black man is a credit to his race.
As long as he remembers his place.
So I...
THREW ANOTHER LOG IN THE FIRE

Quick to put pencil to paper can't wait.
Must write, must explain, before it's too late.
The flames are at their peak can't wait.
Too many broken promises... Too many black babys asking why,
Too many restless armies in the Ghetto.
So I'll just...
THREW ANOTHER LOG IN THE FIRE

-----Richard A. Dedeux-----

4 de dezembro de 2008

#10 - Urbano Lugrís (II Parte)



Porém, Ulises Fingal era um poeta. Um poeta da descoberta, como Manuel Antonio o fora. Desde as suas longínquas praias divisara os mares adentros, os naufrágios e as travessias, os fundos marinhos onde repousam Templos asulagados tempo atrás.

E com o seu morse telegrafado no céu, narrou as lendas, dirigindo as goletas nas suas rotas polos océanos até ilhas ignotas e afastadas. O combate contra as bestas marinhas, as campás a dictar o rumo, as sereias, as colisões e afundimentos...

E ainda, contam que uma manhá, na praia onde ficara com os restos do velame da sua embarcação, Lugrís deixara escrito numa botelha esta nota:




Mensaje a Manuel Antonio

Rodando por celestes reversas geografías,
inventando en tu sueño dársenas puras, playas
de desmedidas, lentas arenas silenciosas
y vírgenes del aire con sus dedos de músico:
ausentes de las alas, nostálgico de bosques
y de lunas domésticas con grillos y maíces,
de soles como panes calientes o doncellas,
y aquel decir de pájaros en la hora de or
cuando tu corazón se embarca cantando
en las verdes goletas del continente séptimo,
como un adolescente piloto enamorado.
Pipa de espuma y ojos de antiguas mocedades
como un vino inicial lleno de fuerza y cánticos,
como una copa con estrellas destruidas,
y las preciosas lágrimas que destilan los senos
de las sirenas cuando solloza el plenilunio...
Oh poeta mayor del Cabildo de Nuestra Señora

de los Mares. Oh Trovador marino,
tu voz de caracola florece entre las algas
como un coral de sangre y llamas palpitando;
así en la tierra ausente la amapola en los trigos.
Por los largos jardines del mar pasas cantando,
tañendo tu acordeón de anfibias voces por las serenas
alamedas sin pájaros y con medusas pálidas,
con peces con estrellas fugaces o luceros;
la orquídea del pulpo, el colibrí hipocampo,
las grandes tuberosas rosas de los moluscos
donde los graves coros del mar se quintaesencian
para más tarde, sobre las playas solas,
repetir con el viento, en sus espiras puras,
del mar los gregorianos oficios funerales...
Gran Señor de los Pazos del Mar, sube a tu torre
de ámbar, y deja que tus ojos gocen
de tu azul heredad, de las violetas
fragas y los alcores de muertes coronados,
de desguazadas formas marineras. Todo
esto ya es tuyo para siempre. Mira
en la intocada fronda ruiseñores de escama,

mirlos de sal, palomas de nácar encendido,
y en el cristal nocturno el pez-luna fingiendo
para tu soledad una sonata inédita,
«apassionata» y triste como tus fantasías.
Mira sobre las aguas graves de los estanques
sin riberas pasar la negra góndola del cisne
real, que desde un norte con hielos y nelumbos
desciende, para verte, hasta tus bosques hondos;
y allí grazna sin voz sus misteriosas sagas.
Todo esto es tuyo, oh dulce compañero de Is,
y el ron de los Sargazos, el licor de los muertos,
madura para ti en los majuelos náufragos,
en los largos otoños del desterrado mar.
Con tu pipa de espuma cargada de fisálias
vigilias la vendimia, y un rumor de albarinos
triza tu corazón con terrestres saudades;
sólo por un instante, y es grande la tristeza.
Tu corazón entonces por un instante aflora,
-es la noche y la luna en el mar de Galicia-,
y un halago de mieses trae el terral y pinos;
y el pescador callado contempla con asombro
aquella roja estrella palpitando en las aguas,
auqel rubí al garete sobre el verde profundo
del mar. Y una infinita paz le florece el alma,
en tanto huyen los peces de la olvidada red.

Urbano Lugrís (De «Atlántida», nº 11 e 12, Crunha, 1955)

27 de novembro de 2008

#9 - Urbano Lugrís (I Parte)



...O hipocampo. O violín morto no mar. A singladura entrevista na néboa da lenda alumiada pola luz pantasmal dun faro ignoto. Urbano arrendara un traxe de buzo na Dársena e dispúxose a pintar no fondo do mar. Foi o único pintor submarino da cultura occidental.
Antón Avilés de Taramancos. («Arte Submariña». Catálogo Exposição Antológica da Crunha. Agosto, 1989.)






Ulises Fingal
Lugrís amaba a Xulio Verne. Amaba a viaxe, a descoberta, as múltiples incidencias que ha de sofrir o valeroso aventureiro antes do regreso á eterna Itaca. Lugrís era devoto da Odisea, porque a Odisea é a máis perfecta e absoluta das estorias de aventuras. O seu mundo era o dunha perpetua saudade do mar, das rotas, das esquivas peripecias. Pero nas profundidades de Lugrís bogaba tamén o barco de San Barandán, soñado polos monxes irlandeses no seu exilio misioneiro de Renania. O abismo celtista latexaba alí, no centro da súa persoa, e por veces facíase evidente nas imaxes de San Gonzalo a predicar sobre un penedo de Foz no que estaba insculpido o trisquele. Lugrís, fillo de Lugrís Freire, o grande amigo de Eduardo Pondal, non era Urbano Lugrís somentes, era sobre todo, Ulises Fingal: Ulises, o navegador do mundo e do trasmundo, o grago de cando os gregos aínda non sucumbiran ao «logos» do puro razonar, se é que algunha vez Platón sucumbira; Fingal, o heroe gaélico que lle ordenaba coa súa rixidez cerúlea o camiño do outro mundo, os vieiros escusados dos Tuatha Dé Danan, as xentes irlandesas de debaixo da terra, o misterio de Brigadoon que cada cen anos emerxe da néboa dun val de Escocia para vivir a normal vida dunha cidade.

Xosé Luís Méndez Ferrín.





Reclamo a liberdade para Urbano Lugrís!

Nestes dias nos que se fala tanto de património cultural fai-se mais necessário que nunca reinvindicar e defender o nosso acervo colectivo. É o nosso dever denunciar o farisaico discurso institucional e mediático da «defesa do património» - os publicistas a cantar as glórias dum Faro candidatado ante a UNESCO, mentres se silenciam iniciativas populares que unem às gentes de além e aquém Minho ou se desatende a maior parte desse património que se di defender (milenárias pedras como as de Dombate).


E porque sim, porque Urbano Lugrís nos pertence a todas e todos nós, devemos reclamar a sua posta em liberdade. Que os perversos banqueiros apartem as suas sujas poutas do pintor crunhês. Que se ponha fim à vil utilização da sua obra em acções propagandísticas (a banca e os seus programas de actuação cultural e social). Deve-se pôr fim a este sequestro por parte do capital, fim aos passeios rituais do réu em ridículas e vergonhosas exposições que atentam contra a dignidade do autor. A de Lugrís é uma obra que lhe pertence ao povo e, como tal, deve ser devolta ao seu legítimo propietário.

Mas há outro Lugrís. O Lugrís que se resiste a ser encadeado e sobrevive nos muros e paredes de bares, tascas e outros espaços públicos. Assim, em lugares coma a taberna O Fornos na rua da Estrela (hoje La Bottega), em A Mundiña ou no café Vecchio da rua Real ainda nos continua a falar Ulises Fingal de antigas lendas célticas ou de histórias de navios naufragados. Mas este Lugrís também está em perigo. Nesta ocasião a sentença é a pena de morte. Por suposto, esta é uma sentença aplicada silenciosa e paseninhamente, o seu verdugo: o inexorável passo do tempo e a passividade de todas essas instituições que se dim defensoras do património.

Portanto, insistamos mais uma vez: reclamemos a liberdade para Urbano Lugrís !


7 de novembro de 2008

#8 - /Black Flag///








Police Story

This fucking city
Is run by pigs
They take the rights away
From all the kids

Understand
We're fighting a war we can't win
They hate us-we hate them
We can't win-no way


Walk down the street
I flip them off
They hit me across the head
With a billy club

Understand...

Nothing I do, nothing I say
I tell them to go get fucked
They put me away

Understand...

I go to court,
For my crime,
Stand in line pay bail,
I may serve time

Understand...

Black Flag (do álbume Damaged, 1981)

2 de novembro de 2008

#7 - Em crise


Que o mundo está em crise não é nenhuma novidade. E não se trata simplesmente de que o mundo esteja no início duma grave crise económica, que também, senão que estamos ante algo mais amplo. Sem dúvida a dimensão económica é a mais importante e definitiva (tanto que levou a alguns autores a prognosticar o próximo fim do capitalismo, ou polo menos do capitalismo tal e como o conhecemos), mas este feito não deve obscurecer que a actual é também uma crise medioambiental, alimentícia, política e mesmo militar.

Por isso não resulta uma questão menor o resultado das eleições que se vam desenvolver dentro de pouco nos EUA. Um novo Imperador será proclamado e, a dia de hoje, Obama tem todas as papeletas para conseguir a coroa (será Obama o «Papa Negro» do que falam algumas profecias apocalípticas?).

Um dos elementos que aparecem como mais evidentes neste contexto é a decadência que desde há uns anos padecem os EUA. O Império desmorona-se e, em paralelo, uma série de países emergentes candidatam-se a potências do século XXI (principalmente a China mas também a Índia, Rússia ou o Brasil). Mas olho, não nos levemos a engano, porque os Estados Unidos continuam a ter, com diferença, o exército mais poderoso e o maior arsenal nuclear mundial. Além de algo mais importante, o país está predisposto a utilizar este poderio para manter a sua hegemonia como bem o demostra a história do século XX (ou mais recentemente as invasões do Afganistão e do Iraque).

Chegados a este ponto planteja-se uma questão. A vitória de Obama significaria uma actitude menos beligerante e o início do estabelecimento duma «nova orde mundial» verdadeiramente multipolar? Não nos precipitemos, recordemos que Obama nominou a J. Biden, um dos congresistas demócratas mais militaristas, como candidato à vice-presidência num gesto interpretado por alguns como o de tentar reafirmar o compromiso de Obama com o imperialismo norteamericano mesmo no o uso do exército.

A crise de Agosto deste ano, quando o exército georgiano invadiu Osétia originando uma rápida e eficaz contraofensiva russa em defesa dos osétios, dá conta da gravidade da situação. Neste caso não se trata dum conflicto ideológico, a China há bem tempo que abraçou o capitalismo e Rússia é tão pouco democrática como o são os EUA. Estamos, ao igual que a começos do século XX, perante uma dura pugna entre as potências imperialistas pola conquista dos recursos e da hegemonia mundial. A ampliação da NATO até as mismíssimas portas de Rússia e a colocação de mísiles em vários países do Leste de Europa, com o fim de criar o famoso escudo antinuclear por parte dos EUA e dos seus lacaios europeus, enquadra-se dentro da estratégia de isolar ao único país capaz de fazer frente militarmente ao Império. Mentres, polo outro lado, a consolidação da Organização de Cooperação de Xangai, organização que une a China e Rússia junto com outros países que compunham a URSS (e na que estão como observadores outros estados como Irão, Índia ou Paquistão), é um feito e aspira a poder actuar como contrapeso ante uma possível intervenção ocidental na sua zona de influência. Mas os cenários de enfrentamento são vários: o continente africano e os seus vastos recursos, o achegamento russo a Venezuela e Cuba, Oriente Próximo, etc.

E a situação ainda se complica mais se a isto lhe engadimos a crise económica. Recordemos que anterior «grande» crise, a de 1929, estendeu-se por boa parte dos anos 30 e deixou ao mundo no gume da navalha entre o sucesso da revolução socialista e a instauração de regimes fascistas, resultando portanto decissiva para o posterior estalido da II Guerra Mundial. Imaginades-vos as dimensões duma guerra mundial no século XXI? Quantos dias seriam necessários para destruir o planeta?

Estas questões e algumas mais dariam para falarmos durante horas e manifestar ainda muitos mais temores, mas como penso que já me estendim demais deixo-o por aqui, à espera do que aconteça nos próximos dias com as eleições nos EUA e com a «re-fundação» do capitalismo do G-20.

20 de outubro de 2008

#6 - Fim da fim de semana


Depois de tanto tempo sem deixar nada por aqui, hoje toca uma pequena ração de «costumbrismo». Já sabedes, cousas que não interessam a ninguém mas que, por enquanto, um tem que deixar por aí nalgures...

Pois sim, acaba de rematar uma fim de semana dessas sem história, sem emoções nem paixões. Todo se resume a ocupar-se da finalização dum curso através de Internet (desses que não servem para nada mas que tes que fazer para poder conseguir outras cousas) e preparar exercícios e cousas assim para as aulas desta semana. De jeito que não houvo escapada pola noite crunhesa para ver o que se cozia polos garitos, nem cervejinha fria (Estrela, por suposto) nalgum bar da zona.

Mesmo o domingo, com a sua ampla oferta de actividades, foi de casa e sapatilhas. No programa deste domingo podemos destacar, competindo no mesmo horário, o jogo do Deportivo e mais a manifestação convocada pola Mesa por la Libertad Lingüística (entenda-se a liberdade linguística exclussivamente dos espanhol falantes) contra a «imposição» do galego. Finalmente a preguiça levou-me a ficar na casa e seguir estes acontecementos desde a distância. Por um lado, o meu Deportivinho não passou do empate na sua visita a Santander. Um ponto é um ponto. Mentres, a espanholíssima manifestação na, tão supostamente espanholíssima, Crunha, segundo podo ler por aí foi um autêntico fracasso que não foi quem de congregar mais que a umas 700 pessoas (segundo as versões mais optimistas). Da contramáni é mais difícil saber algo, fala-se dumas 20 pessoas (para os «deste lado» sempre é a versão pessimista).

Já falando doutros assuntos tenho estes dias nas minhas maos o segundo número dum fanzine crunhês conhecido por alguns como Volfram. É um velho amigo o catalizador de tal evento que consigue concentrar numas quantas folhas anacos de uns e outros. Un esforço multidisciplinar onde as colagens dão passo ao texto, e o texto é a ante-sala dos desenhos das realidades do além e do aquém.
Velaí vem o gato, miau, miau!

P.S.: Nos últimos dias originou-se un debate sobre o envolvimento de Superlópez em certa detenção. Desde aqui só podemos negar tal suposto. Superlópez é Superlópez, e a polícia é a polícia.

3 de outubro de 2008

#5 - Superlópez


Pois não. Desta vez não se trata duma banda desenhada underground, nem tampouco da típica história sesuda e intelectual orientada a um público «adulto». Desta vez trata-se dum simples tebeo, sem outras pretensões que as de tentar entreter e divertir. Ainda que isso sim, um entretemento que procure ao mesmo tempo reflectir sobre a sociedade ou a cultura.

Desde logo não é que Superlópez, seja a «obra definitiva» da BD ou algo polo estilo. Certamente podem-se-lhe criticar muitas cousas (por exemplo esse moralismo tão acusado nalguns momentos como com o tema das drogas). Mas, ao mesmo tempo, estas histórias também têm uma série de virtudes que fazem que mereça a pena botar-lhes uma olhada. A começar polo seu humor tão próprio dos países do Sul de Europa. Um humor desintelectualizado, mas sinceiro e gráfico, de tortazos e com um toque de absurdo. Um humor de «bocadillo de chouriço».

Superlópez, a obra mais emblemática de Juan López, Jan, é ante todo uma paródia de Superman (e em geral das histórias de super-heróis). Superlópez, cujo equivalente na Galiza bem poderia ser um Supervasques ou um Superrodrigues (vaia, mais uma razão para sentir-me identificado), representa a imagem típica do espanhol comum, baixinho, moreno e com bigode. Todo um «Supermedianias», que constitui uma versão cutre do Homem de aço: o seu planeta e nomes originais, Chitón e Jo-Con-Él; a sua moça Luisa Lana (Lois Lane) namoradíssima do seu alter ego Juan López e que não suporta a Superlópez; os chichones que se pega; etc.

Mas como diziamos anteriormente também há lugar para a reflexão. Assim, em muitas das suas histórias podemo-nos encontrar a Superlópez viajando no tempo e conhecendo a V. van Gogh; um robot que cita aos clássicos da filosofia; críticas ao estrago produzido polo ser humano no meio ambiente; uma defesa do direito ao trabalho; etc.

Entre as mais de 50 histórias que até o de agora têm saído de Superlópez, a maioria da gente adoita coincidir em sinalar duas como as indiscutivelmente melhores. Por suposto, não lim todas as suas histórias mas sim poderia dizer que estas duas são realmente magníficas.

A primeira delas é Los Cabecicubos (1982) na qual se trata o tema da Transición espanhola com uma grande imaginação e humor (aviso: que ninguém aguarde uma leitura esquerdista sobre o período). A contaminação derivada duma fábrica de ovos quadrados produz uma estranha epidemia que converte à população em cabecicubos. A partir de aí desenvolvem-se toda uma série de situações absurdas (tão absurdas coma o próprio franquismo), nas que o nosso (super-)herói se terá de enfrentar a um regímen fascista de partido único.

A outra das histórias e que também é a minha favorita é La Caja de Pandora (1983). Desta vez, Superlópez terá de enfrentarse a toda uma plêiade de deuses e seres mitológicos das culturas grega, mexica, hindu e egípcia, por fazer-se com o poder da Caixa de Pandora. Mas o quê contém essa caixa, preguntaredes. Pois isso é algo que não vou revelar. Contentade-vos com saber que os deuses se dividem entre os que acreditam que alô se agocham todos os males para a humanidade e os que pensam que o seu contido é positivo. Se isto o mesturamos com um pouco de ufologia e naves espaciais já temos todos os ingredientes para uma história mais que notável.

30 de setembro de 2008

#4 - Sobre os vivos e os mortos









Living in the Kingdom of Death


Living in the Kingdom of Death...Dead to the Kingdom of Life
Waking in the Kingdom of Dreams...Dreaming the Kingdom of the Awake

My Love, these living rags I wear
My Beloved, the daughter of the Sea and the Air
The reflecting Sea beneath the invisible Air
The conjunction of everything with everywhere

Living in the Kingdom of Death...

Lucifer, the child-bride of the Christ...Lord Christ, illuminate the Reaper's womb
For Lucifer the child-bride of the Christ

Living in the Kingdom of Death...

See the Devil in the Christ if it's the true Christ that you seek
It abides in you and it abides in me
We abide in us and them we three
See the Devil in the Christ if it's the true Christ that you seek

Living in the Kingdom of Death...

In a meadow deep, in a meadow green
Upon a throne of song beneath the willow shade
Bloodlight beats in the germ of the embryo
It will never explain or describe what it will never know

Living in the Kingdom of Death...

A mirror as broad as your life is long...Your reflection, as echo of an ancient song......Living in the Kingdom of Death...

Daniel (A.I.U.) Higgs (do álbume Ancestral Songs, 2006)

29 de setembro de 2008

#3 - Doutor Who


Na minha infância a televisão tivo uma grande importância. Foram muitas as horas que eu passei diante do ecrã da TV seguindo os mais diversos programas e séries. Na minha memória acumulam-se caoticamente uma enorme quantidade de imagens de heróis de desenhos animados, animais exóticos tirados dalgum documentário de meia tarde, naves espaciais, etc.

Dentro dessas lembranças televisivas ocupa um lugar muito especial a série britânica Doctor Who. Para os que não saibades do que estou falar, podedes provar a mirar nas páginas da BBC ou mesmo na wikipedia. Aí poderedes encontrar muita informação: certamente decobriredes que é a série de ficção científica mais longeva da história, que se converteu numa icona da cultura popular britânica, ou mesmo cousas mais anecdóticas como que o Doutor aparece num capítulo dos Simpsons.

Mas que é o que fai (ou fixo) desta série algo especial? A verdade é que não saberia dar uma resposta clara. Lembro, por exemplo, a tensão e o medo que criavam em mim aquelas estranhas e fantasiosas histórias e como, no entanto, aí ficava eu diante da TV (bom, em realidade dava voltas darredor, pola ansiedade) - impagável aquela história do «verme» verde que perseguia às personagens numa espécie de estação espacial.

Também recordo aqueles efectos especiais. Tão cutres, tão singelos e... tão críveis ao mesmo tempo! (Muitos «especialistas» actuais teriam de aprender algo de como utilizar cartão-pedra em vez de desperdiçar tanto dinheiro em efectos de última geração). A imaginação, esse poderoso sugestionador!

Ah! E como esquecer. Falando de britânicos, como não, fai-se obrigado falar do seu sentido do humor, também presente em importantes doses (algo que só puidem apreçar passados uns anos). A ironia sempre pronta para sair a reluzir, com uma frase já emblemática: Fantastic!

E sim, foi na TVG, como não, porque antes do Xabarín Club também havia cousas na televisão galega (recordar que Dragon Ball, aka As bolas mágicas, também começou a ser emitido antes de que o Porco Bravo se passeasse polas nossas TV's). Aqui na Galiza só chegamos a conhecer uma versão do Doutor, a sua quarta reencarnação, a de Tom Baker, a mais célebre. Com a sua quilométrica e corida bufanda, o seu chapéu e os seus revoltos cabelos fazia-se, naturalmente, inconfundível.

Mas o Doutor resistiu o passo do tempo e, com a chegada do ano 2000, começou uma nova versão (o noveno e décimo Doutor). O bom destas novas versões (gostemos ou não delas) é que, ainda tentando actualizar a série, mantêm muitas das suas constantes: os arquiinimigos do Doutor - os Daleks, o seu sisema de transporte espácio-temporal - o TARDIS, etc.

E até aqui chegamos nesta pequena homenagem ao Doutor Who, desejando simplesmente que voltem emitir esta muito recomendável série, seja na TVG ou em qualquer outra emissora.

Longa vida ao Senhor do Tempo!

15 de setembro de 2008

#2 - Mu, o continente perdido



Mu e a Atlântida (ou Atlântis), são os exemplos mais conhecidos de civilizações/continentes/ilhas de carácter lendário, mítico ou, quem sabe, talvez real que teriam sido desaparecidas num passado muito remoto como consequência dum acontecimento catastrófico que as teria submergido sob as águas dos oceanos. Se reparamos nas tradições de muitas das civilizações mais antigas, aginha nos havemos decatar do habitual que resultam estas histórias de cataclismos, dilúvios e cidades desaparecidas que servem em muitos casos como mito de fundação ou como lição do que os deuses podem fazer no caso de existir uma relaxação na moral e os costumes.

Precisamente o mistério que envolve a todas estas histórias fixo que estas pervivissem fortemente no imaginário popular colectivo e que alimentassem a imaginação de sucessivas gerações em novas histórias que recolhiam elementos das antigas. São incontáveis os relatos novelescos, filmes, videojogos, etc. que fazem referência á Atlântida ou a algum outro dos mitos dos que falamos. Mas também o mundo da ciência se interessou por estas histórias. Foram muitos os especialistas que quixeram ver detrás destas lendas uma existência histórica real ou, quando menos, interpreta-nas como o reflexo duns feitos reais transfigurados, dirigindo as suas perguntas em torno à sua existência, as suas características, localização e causas da desaparição destes lugares. Desta maneira, as interpretações existentes são muito variadas, indo desde as teses mais sérias dum ponto de vista científico (maremoto, fim da era glacial, identificação com Tartessos, etc.) até aquelas com uma intervenção sobrenatural ou extraterrestre (alguns falam duma civilização altamente avançada tecnologicamente em contacto com extraterrestres).

Certamente resulta difícil não sentir-se atraído por temas coma estes, tanto na vertente digamos «literária» como na científica, e é a razão de dedicarmos estas linhas a uma introdução ao tema recomendando a leitura de de Hugo Pratt. Esta obra, especialmente recomendável para os amantes das histórias de aventuras e/ou da banda desenhada, supõe a última das histórias nas que o autor italiano utiliza como protagonista ao Corto Maltese quem, em companhia doutros dos seus amigos, viaja até as águas do Caribe na procura do mito. Destaca o grande labor de documentação desenvolvido por Pratt que alude ao longo da obra ao Timeo de Platão, às lendas mesoamericanas sobre a cidade de Atzlán (que algúns identificaram com a Atlântida) ou a muitas das teorias sobre estas civilizações perdidas. Também é destacável como a modo de introdução se incluem uma série de textos de vários autores (além do próprio Pratt, de Augusto Bruno, Pietro "Pit" Piccinelli, Eddy Devolder e Gianluigi Gasparini) nos quais se tratam diversos temas: as teorias de Churchward sobre Mu, os contactos transoceânicos antes de Cristóvão Colombo (romanos, celtas, irlandeses, vikingos, Niccolo Zeno, Templários, o Fusang dos chineses), ou os códices americanos troaniano e borgia (dos quais se reproduzem algumas tabelas).

Por suposto, além do pouso histórico e «atlantista», esta BD oferece uma história de grande força, na que sonho e realidade são confundidos em muitas ocasiões («...e recorda que a saída está nos sonhos!»), e que sem dúvida entusiasmará àquelas pessoas amantes dos mistérios, as lendas e as civilizações antigas. Tudo isto com a sinatura do considerado pola crítica como um dos grandes da BD.

24 de agosto de 2008

#1 - Iniciando

Pois isso, que todo o mundo tem um blogue... e este será o meu!

Que que nos aguarda de aqui em diante? Hummm... Pois ainda não é algo que tenha muito claro, mas aquelas pessoas que já me conhecem já se podem imaginar: muita fricada, caralhadas várias, curiosidades, musiqueo, costumbrismo galaico, etc. Iremos afinando com o tempo.

Se têm alguma cousa que dizer, sugerências várias ou qualquer parvada em geral adiante, este é o lugar onde fazê-lo!