30 de setembro de 2008

#4 - Sobre os vivos e os mortos









Living in the Kingdom of Death


Living in the Kingdom of Death...Dead to the Kingdom of Life
Waking in the Kingdom of Dreams...Dreaming the Kingdom of the Awake

My Love, these living rags I wear
My Beloved, the daughter of the Sea and the Air
The reflecting Sea beneath the invisible Air
The conjunction of everything with everywhere

Living in the Kingdom of Death...

Lucifer, the child-bride of the Christ...Lord Christ, illuminate the Reaper's womb
For Lucifer the child-bride of the Christ

Living in the Kingdom of Death...

See the Devil in the Christ if it's the true Christ that you seek
It abides in you and it abides in me
We abide in us and them we three
See the Devil in the Christ if it's the true Christ that you seek

Living in the Kingdom of Death...

In a meadow deep, in a meadow green
Upon a throne of song beneath the willow shade
Bloodlight beats in the germ of the embryo
It will never explain or describe what it will never know

Living in the Kingdom of Death...

A mirror as broad as your life is long...Your reflection, as echo of an ancient song......Living in the Kingdom of Death...

Daniel (A.I.U.) Higgs (do álbume Ancestral Songs, 2006)

29 de setembro de 2008

#3 - Doutor Who


Na minha infância a televisão tivo uma grande importância. Foram muitas as horas que eu passei diante do ecrã da TV seguindo os mais diversos programas e séries. Na minha memória acumulam-se caoticamente uma enorme quantidade de imagens de heróis de desenhos animados, animais exóticos tirados dalgum documentário de meia tarde, naves espaciais, etc.

Dentro dessas lembranças televisivas ocupa um lugar muito especial a série britânica Doctor Who. Para os que não saibades do que estou falar, podedes provar a mirar nas páginas da BBC ou mesmo na wikipedia. Aí poderedes encontrar muita informação: certamente decobriredes que é a série de ficção científica mais longeva da história, que se converteu numa icona da cultura popular britânica, ou mesmo cousas mais anecdóticas como que o Doutor aparece num capítulo dos Simpsons.

Mas que é o que fai (ou fixo) desta série algo especial? A verdade é que não saberia dar uma resposta clara. Lembro, por exemplo, a tensão e o medo que criavam em mim aquelas estranhas e fantasiosas histórias e como, no entanto, aí ficava eu diante da TV (bom, em realidade dava voltas darredor, pola ansiedade) - impagável aquela história do «verme» verde que perseguia às personagens numa espécie de estação espacial.

Também recordo aqueles efectos especiais. Tão cutres, tão singelos e... tão críveis ao mesmo tempo! (Muitos «especialistas» actuais teriam de aprender algo de como utilizar cartão-pedra em vez de desperdiçar tanto dinheiro em efectos de última geração). A imaginação, esse poderoso sugestionador!

Ah! E como esquecer. Falando de britânicos, como não, fai-se obrigado falar do seu sentido do humor, também presente em importantes doses (algo que só puidem apreçar passados uns anos). A ironia sempre pronta para sair a reluzir, com uma frase já emblemática: Fantastic!

E sim, foi na TVG, como não, porque antes do Xabarín Club também havia cousas na televisão galega (recordar que Dragon Ball, aka As bolas mágicas, também começou a ser emitido antes de que o Porco Bravo se passeasse polas nossas TV's). Aqui na Galiza só chegamos a conhecer uma versão do Doutor, a sua quarta reencarnação, a de Tom Baker, a mais célebre. Com a sua quilométrica e corida bufanda, o seu chapéu e os seus revoltos cabelos fazia-se, naturalmente, inconfundível.

Mas o Doutor resistiu o passo do tempo e, com a chegada do ano 2000, começou uma nova versão (o noveno e décimo Doutor). O bom destas novas versões (gostemos ou não delas) é que, ainda tentando actualizar a série, mantêm muitas das suas constantes: os arquiinimigos do Doutor - os Daleks, o seu sisema de transporte espácio-temporal - o TARDIS, etc.

E até aqui chegamos nesta pequena homenagem ao Doutor Who, desejando simplesmente que voltem emitir esta muito recomendável série, seja na TVG ou em qualquer outra emissora.

Longa vida ao Senhor do Tempo!

15 de setembro de 2008

#2 - Mu, o continente perdido



Mu e a Atlântida (ou Atlântis), são os exemplos mais conhecidos de civilizações/continentes/ilhas de carácter lendário, mítico ou, quem sabe, talvez real que teriam sido desaparecidas num passado muito remoto como consequência dum acontecimento catastrófico que as teria submergido sob as águas dos oceanos. Se reparamos nas tradições de muitas das civilizações mais antigas, aginha nos havemos decatar do habitual que resultam estas histórias de cataclismos, dilúvios e cidades desaparecidas que servem em muitos casos como mito de fundação ou como lição do que os deuses podem fazer no caso de existir uma relaxação na moral e os costumes.

Precisamente o mistério que envolve a todas estas histórias fixo que estas pervivissem fortemente no imaginário popular colectivo e que alimentassem a imaginação de sucessivas gerações em novas histórias que recolhiam elementos das antigas. São incontáveis os relatos novelescos, filmes, videojogos, etc. que fazem referência á Atlântida ou a algum outro dos mitos dos que falamos. Mas também o mundo da ciência se interessou por estas histórias. Foram muitos os especialistas que quixeram ver detrás destas lendas uma existência histórica real ou, quando menos, interpreta-nas como o reflexo duns feitos reais transfigurados, dirigindo as suas perguntas em torno à sua existência, as suas características, localização e causas da desaparição destes lugares. Desta maneira, as interpretações existentes são muito variadas, indo desde as teses mais sérias dum ponto de vista científico (maremoto, fim da era glacial, identificação com Tartessos, etc.) até aquelas com uma intervenção sobrenatural ou extraterrestre (alguns falam duma civilização altamente avançada tecnologicamente em contacto com extraterrestres).

Certamente resulta difícil não sentir-se atraído por temas coma estes, tanto na vertente digamos «literária» como na científica, e é a razão de dedicarmos estas linhas a uma introdução ao tema recomendando a leitura de de Hugo Pratt. Esta obra, especialmente recomendável para os amantes das histórias de aventuras e/ou da banda desenhada, supõe a última das histórias nas que o autor italiano utiliza como protagonista ao Corto Maltese quem, em companhia doutros dos seus amigos, viaja até as águas do Caribe na procura do mito. Destaca o grande labor de documentação desenvolvido por Pratt que alude ao longo da obra ao Timeo de Platão, às lendas mesoamericanas sobre a cidade de Atzlán (que algúns identificaram com a Atlântida) ou a muitas das teorias sobre estas civilizações perdidas. Também é destacável como a modo de introdução se incluem uma série de textos de vários autores (além do próprio Pratt, de Augusto Bruno, Pietro "Pit" Piccinelli, Eddy Devolder e Gianluigi Gasparini) nos quais se tratam diversos temas: as teorias de Churchward sobre Mu, os contactos transoceânicos antes de Cristóvão Colombo (romanos, celtas, irlandeses, vikingos, Niccolo Zeno, Templários, o Fusang dos chineses), ou os códices americanos troaniano e borgia (dos quais se reproduzem algumas tabelas).

Por suposto, além do pouso histórico e «atlantista», esta BD oferece uma história de grande força, na que sonho e realidade são confundidos em muitas ocasiões («...e recorda que a saída está nos sonhos!»), e que sem dúvida entusiasmará àquelas pessoas amantes dos mistérios, as lendas e as civilizações antigas. Tudo isto com a sinatura do considerado pola crítica como um dos grandes da BD.